domingo, 7 de agosto de 2016

Unidade 731

Shiro Ishii foi o Mengele japonês
Numa Manchúria ocupada pelo Japão, o médico Shiro Ishii dirigiu a sinistra Unidade 731, na qual se faziam experiências com cobaias humanas. Entre 1936 e 1942, milhares de adultos e crianças foram sacrificados para testar armas biológicas. Em 1995, o jornalista Nicholas D. Kristof, do New York Times, entrevistava um agricultor japonês de 72 anos, chamado Takeo Wano, que gracejava enquanto servia o bolo de arroz feito pela sua mulher. Enquanto o repórter tomava notas, Wano mudou repentinamente de tema e, com uma tranquilidade espantosa, explicou-lhe pormenorizadamente como era a sensação de abrir um homem de trinta anos que está atado a uma cama, nu, e dissecá-lo vivo, sem anestesia. “Quando peguei no bisturi”, contou o agricultor, “ele começou a guinchar. Abri-o, desde o peito até ao estômago, e ele gritava terrivelmente, enquanto o rosto se deformava, devido à agonia.” A barbárie não constituiu um ato isolado cometido por um médico louco: fez parte de um programa completo de investigação sobre armas biológicas iniciado pelo Japão em 1930. Os oficiais nipónicos, encabeçados pelo médico Shiro Ishii, general do Exército Imperial, pensavam que esse tipo de arsenal, dado que fora proibido pela Convenção de Genebra de 1925, devia constituir uma formidável ferramenta de guerra. Então, Ishii, um protegido do ministro do Exército, Sadao Araki, pediu para criar um grupo secreto de investigação nesse campo. Foi assim que nasceu a Unidade Togo, que se iria instalar na fortaleza Zhongma, um campo de prisioneiros situado em Beiyinhe, cem quilómetros a sul da cidade de Harbin, na Manchúria. Quando o campo foi encerrado, em 1935, Ishii transferiu o seu equipamento para o distrito de Pingfang, a 24 km de Harbin. Ali, foi construído um novo centro, muito maior, formado por 150 edifícios distribuídos por seis quilómetros quadrados. Em 1936, o imperador Hirohito integrou por decreto a unidade no exército de Kwantung, sob o nome oficial de Departamento para a Prevenção de Epidemias e Purificação da Água. Na prática, seria conhecida por Unidade ou Esquadrão 731. Estima-se que, de 1936 a 1942, entre três e doze mil homens, mulheres e crianças foram mutilados, torturados e assassinados em nome da investigação biomédica. Eram conhecidos pelo nome coletivo de marutas (“toros” ou “cepos”), pois foi dito às autoridades locais que as instalações de Harbin correspondiam a uma serração. Os “toros” eram membros da resistência, prisioneiros de guerra ou detidos pela Kempeitai, a polícia militar japonesa, por atividades suspeitas, e incluíam idosos, bebés e mulheres grávidas. Ishii tinha consciência de que as tarefas que desempenhava se distinguiam por uma total ausência de ética, como deixou claro num dos seus discursos de boas-vindas aos novos membros: “Para um médico, constitui uma missão divina tratar os doentes. O trabalho em que nos vamos empenhar é completamente oposto a tais princípios.” Estava tudo estruturado para alimentar os desejos dos investigadores: se algum dos médicos necessitava de um cérebro ou de um pulmão, o órgão pretendido era extraído de um prisioneiro. As atrocidades da Unidade 731 só começaram a tornar-se conhecidas meio século depois da guerra, embora grande parte da documentação ainda continue sob sigilo. Os historiadores estão de acordo em assinalar que se tratava de uma programa de investigação inteligentemente concebido, cujas descobertas salvaram a vida a numerosos soldados japoneses, pois o objetivo de muitas experiências era desenvolver tratamentos para os problemas médicos que afetavam o exército nas zonas ocupadas. Por exemplo, demostraram que a melhor forma de tratar os membros congelados era introduzi-los em água a mais de 100 ºC, mas sem ultrapassar os 122 ºC. 

A Manchuria occupied by Japan, the doctor Shiro Ishii directed the sinister Unit 731, which was experimenting with human subjects. Between 1936 and 1942, thousands of adults and children were sacrificed to test biological weapons. In 1995, the journalist Nicholas d. Kristof of the New York Times, interviewed a 72-year-old Japanese farmer named Takeo Wano, who joked while serving the rice cake made by his wife. While the reporter took notes, Wano abruptly changed topic and, with an amazing tranquility, explained in detail how was the feeling of opening a man thirty years that is tied to a bed, naked, and dissect him alive, without anesthetic. "When I picked up the scalpel," said the farmer, "he began to squeal. Open, from the chest to the stomach, and he screamed terribly, while the face deformed due to agony. " Barbarism was not an isolated act committed by a crazy doctor: was part of a complete program of research into biological weapons initiated by Japan in 1930. The Japanese officers, led by doctor Shiro Ishii, general of the Imperial Army, they thought that kind of arsenal, given that it was forbidden by the Geneva Convention of 1925, should constitute a formidable tool of war. So, Ishii, a protégé of army Minister Sadao Araki, asked to create a secret group of research in this field. That's how was born the Togo Unit, which would install on Zhongma fortress, a prison camp located in Beiyinhe, 100 kilometres south of the city of Harbin, Manchuria. When the camp was closed in 1935, Ishii moved his equipment to the Pingfang district, Harbin 24 km. There was built a new, much larger, consisting of 150 buildings spread over six square kilometers. In 1936, the Emperor Hirohito joined by Decree the Kwantung Army unit, under the official name of Department for epidemic prevention and water purification. In practice, it would be known by unit or Squadron 731. It is estimated that from 1936 to 1942, between three and 12000 men, women and children were mutilated, tortured and murdered in the name of biomedical research. They were known by the collective name of marutas ("toros" or "logs"), because it was said to the local authorities that the Harbin facilities corresponded to a sawmill. The "toros" were members of the resistance, prisoners of war or detainees by the Kempeitai, the Japanese military police, suspicious activity, and included the elderly, infants and pregnant women. Ishii was aware that the tasks performed if distinguished by a total lack of ethics, as made clear in one of his speeches of welcome to new members: "a doctor, is a divine mission to treat patients. The work in which we engage is completely opposed to such principles. " Everything was structured to feed the desires of researchers: if any of the doctors needed a brain, or a lung, the desired organ was taken from a prisoner. The Unit 731 atrocities only began to become known half a century after the war, although much of the documentation still under wraps. Historians agree in pointing out that this was a cleverly designed research programme, whose discoveries saved the lives of many Japanese soldiers, because the goal of many experiments was to develop treatments for medical problems affecting the army in the occupied areas. For example, demonstrated that the best way to treat the frozen members was introducing them in water to more than 100° C, but without exceeding the 122° c. 

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